sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A CRUZ DE CRISTO


"Qualquer pessoa que investigue o cristianismo pela primeira vez ficará impressionada pelo destaque extraordinário que os seguidores de Cristo dão à sua morte", disse John Stott. "No caso de todos os outros grandes líderes espirituais, a morte deles é lamentada como fator determinante do fim de suas carreiras. Não tem importância em si mesma; o que importa é a vida, o ensino e a inspiração do exemplo deles. Com Jesus, no entanto, é o contrário. Seu ensino e exemplo foram, na verdade, incomparáveis; mas, desde o princípio, seus seguidores enfatizaram sua morte. E isso o colocou à parte de outros líderes religiosos na história. Maomé morreu aos 62 anos; Confúcio, aos 72; Buda, aos 80; e Moisés aos 120. Mas Jesus morreu a morte horrível da crucificação na faixa dos 30 anos, repudiado por seu próprio povo. Aparentemente, ele foi um fracasso completo; no entanto, afirmou cumprir sua missão por meio de sua morte: "O Filho do homem deve sofrer e ser morto" (Marcos 8:31; 9:31, 10:32-34). Jesus se referiu à sua morte como a "hora" para qual viera ao mundo".

Não é possível compreender Jesus Cristo sem compreender sua cruz. Não é possível ser cristão sem compreender a cruz de Jesus Cristo. Na verdade, mais do que compreender, crer, confiar, experimentar, assumir a cruz de Jesus Cristo e o Jesus Cristo crucificado: "resolvi esquecer tudo, a não ser Jesus Cristo e especialmente sua morte na cruz" (Paulo, apóstolo, 1 Coríntios 2.2 BLH).

A cruz de Jesus Cristo é o centro da relação entre Deus e o homem. Ali na cruz há uma troca de papéis que explica toda a saga humana e sua relação, tanto conflituosa (no pecado) quanto reconciliada (na salvação), com o Deus criador dos céus e da terra. Ainda conforme John Stott, "substituição está no coração tanto do pecado quanto da salvação.
Pois a essência do pecado é o homem substituindo-se a si mesmo por Deus, ao passo que a essência da salvação é Deus substituindo-se a si mesmo pelo pecado. O homem declara-se contra Deus e coloca-se onde Deus merece estar; Deus sacrifica-se a si mesmo pelo homem e coloca-se onde o homem merece estar. O homem reivindica prerrogativas que pertencem somente a
Deus; Deus aceita penalidades que pertencem ao homem somente".

A cruz de Jesus Cristo é o fim de todas as maldições e penalidades que caberiam ao homem em razão de seu pecado. A cruz de Jesus Cristo é a fonte de todos os benefícios e dádivas que Deus pode e deseja conceder ao homem. Sem a cruz de Jesus Cristo a humanidade está condenada ao sofrimento, à escuridão, ao vazio e à morte eternamente. Com a cruz de Jesus Cristo a humanidade é objeto do amor, misericórdia, compaixão, bondade e graça de Deus eternamente.

A essência da mensagem cristã é essa: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, deixando de levar em conta os pecados dos seres humanos. Em Cristo não havia pecado. Mas Deus colocou sobre Cristo a culpa dos nossos pecados para que nós, em união com ele, recebamos toda a justiça que nele há" (2 Coríntios 5.18-21).

A Ceia em Memória de Jesus Cristo é uma celebração sob o signo da cruz.
Na partilha do pão e do vinho, corpo de Cristo partido por nós e sangue de Cristo derramado por nós, celebramos o fato de que "nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8.1), abrimos mãos para receber toda a boa dádiva de Deus nosso Pai, pois sabemos que se Deus nos deu seu próprio Filho, "nos dará graciosamente com Ele todas as coisas" (Romanos 8.32), e renovamos nosso compromisso de viver em Cristo, com Cristo, e para Cristo, pois "estamos crucificados com Cristo" (Gálatas 2.20).

Ed René Kivitz